Travessia do Rio Branquinho

A Travessia do Rio Branquinho, é uma daquelas que precisa ser feita para falar para os amigos que você a fez sem se perder.

Só em 2013 foram 40 resgates na região, pois a trilha na mata é cheia de bifurcações.
Por tantos resgates que ocorrem na região e pela mata ser área protegida e demarcada para indígenas, é uma trilha proibida.

Segue tracklog gerado pelo percurso:

Vídeo Resumo

 

Veja todas as fotos em nosso álbum no Flickr


Fomos em 4 pessoas, sendo Wagner, Marcelo, Rosana e eu e combinamos de nos encontrar no terminal Parelheiros em São Paulo.
Rosana e Eu chegamos às 0h e após nos encontrarmos com Wagner e Marcelo, seguimos em outro ônibus sentido Barragem (Linha 6L05 – Barragem/Terminal Parelheiros), onde desembarcamos no final.

Arrumamos nossas coisas e começamos a caminhada à 1h da madrugada do dia 18 de abril de 2014.

Era uma noite clara e tranquila, a lua estava no céu um pouco encoberta pela neblina, porém iluminou nosso caminho durante toda a noite.
Por volta das 2h10 alcançamos os trilhos (Linha Mairinque – Santos) e mais quinze minutos adiante, chegamos à Estação Ferroviária Evangelista de Souza.

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No percurso é preciso tomar cuidado onde pisa, pois é comum parte da carga dos trens cair, e na maioria das vezes tem transporte de soja, que quando apodrece vira um tipo de pasta gosmenta, fedorenta, que parece uma mistura de vômito com merda, o Marcelo quem o diga e eu também.

Marcelo pisou com os dois pés e ficou insuportável ficar perto dele no trajeto, eu pisei só a ponta do pé direito e foi fácil me livrar do cheiro, pois havia vegetação úmida no percurso e fui chutando para limpar o pé.

Andamos até às 5h10 após passarmos o 3º túnel (nº 25) e montamos acampamento, apenas para dar um cochilo para recarregar nossas energias, por volta de 5h30 estávamos todos dormindo.

Despertamos às 8h30 com o trem passando e apitando para acordar todo mundo quando avistou as barracas rs.

Tomamos café, desmontamos tudo e recomeçamos a jornada.
Às 10h já estávamos entrando na trilha da mata, onde há uma placa indicando “Fundação nacional do índio – Acesso proibido a pessoas estranhas”.

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A trilha possui bifurcações e é bem confusa realmente, é bem batida, mas as bifurcações também são, pois como a área é habitada por índios, existem rotas para palmitos, casebres etc.

Então é imprescindível conhecer bem o roteiro, ter mapa impresso, bússola, GPS (se o GPS te deixar na mão, precisa se virar com a bússola e os mapas, bem como ter noção se a trilha é realmente uma trilha ou uma bifurcação que foi criada por alguma enxurrada, ou alguma outra rota que não seja a sua desejada.

Por volta das 11h15, já estávamos em uma altitude bem baixa, depois de uma boa descida e chegamos a um afluente do Rio Branquinho, onde fizemos uma parada para descansar e reabastecer nossos cantis.

Durante a caminhada, passamos por alguns poços que formam piscinas naturais de água bem cristalina e com um leve tom esverdeado.

A paisagem dessas piscinas são lindas e bem convidativas, então se você estiver em um dia de calor, vale a pena passar um tempo se refrescando.

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Na parte baixa, é muito comum atravessar o Rio Branquinho algumas vezes, pois ora a trilha está em um lado da margem, ora está do outro lado. Evite seguir pelo rio, pois a caminhada rende muito mais por trilha que andar pela água e pelas pedras.

Chegamos à confluência dos rios Branquinho (ou Rio Branco) com Rio Capivari às 15h50.

A partir desta confluência, o rio segue como de Rio Itanhaém e tem sua foz no litoral.

Tentei localizar alguma rota alternativa para evitar a travessia, na confluência, mas foi em vão. Não existe um trecho bastante raso para isso, então escolha uma época seca como nós para fazer esse percurso, pois na confluência existe uma correnteza um tanto forte e passamos com água na altura das coxas (tranquilo).

Levamos cerca de 45 minutos para atravessar, pois a Rosana ficou ilhada numa pedra, Marcelo, Wagner e eu deixamos as mochilas na outra margem e voltamos para ajudar. Marcelo pegou a Mochila da Rosana e eu a ajudei no percurso segurando na mão e orientando onde pisar e segurar.

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Após atravessarmos, às 17h20 alcançamos a pequena queda d’água, recarregamos nossos cantis e seguimos na mata em um ritmo um pouco acelerado, pois nossa intenção era chegar na aldeia para acampar e adiantar o percurso do próximo dia.

Pouco depois de caminhada, já escuro, escuto a Rosana gritando e a vejo se debatendo, voltei para tentar entender o que ocorria, pois achei que era uma cobra, mas eram vespas a atacando, quando cheguei perto vieram pra cima de mim também.

As picadas são das mais dolorosas que já tomamos. Assim que picam, você sente uma dor absurda, como se estivesse enfiando agulhas incandescentes na sua pele.
Corri para adiante na trilha e Rosana retornou correndo.

Gritei de longe para o pessoal colocar capa de chuva e tentar fazer um lança chamas, estavam demorando para vir, então passei repelente no corpo todo, peguei meu desodorante e isqueiro na mochila e fui ao encontro deles com meu “Lança Chamas de Rexona”.

Na ida tudo tranquilo, Marcelo e Wagner já haviam colocado suas capas, e Rosana também.
Marcelo estava improvisando uma tocha com álcool e pedaços de tecido, eu tentei ajudar fazer uma tocha, mas acabei estragando e abafando uma delas (vergonha rs).

Em fim, resolvi passar com a Rosana usando o “Lança Chamas”, mas ao chegar no local onde as vespas estavam, o desodorante acabou, daí foi ferroada pra todo lado, não restou outra alternativa se não gritar “CORREEEE!!!” kkkkk
Rosana mais uma vez voltou correndo na direção deles em vez de me seguir quando gritei “CORREEEE” ¬¬.

Marcelo e Wagner vieram usando as tochas e repelentes, Rosana os acompanhou nesse momento e conseguiram chegar sãos e salvos até onde eu estava, ufa rs.

Após o susto com o ataque, seguimos nossa pernada, pois ainda faltava 1km até a aldeia.

Devido ao ataque das vespas, qualquer inseto que aparecia ou teia, minha adrenalina ia a 1000/h e tinha reflexos em bater com a mão haha.

Chegamos na Aldeia por volta das 19h30 e fomos recebidos pelo índio Henrique, que mora sozinho.

Perguntou se estávamos perdidos, explicamos que não e que estávamos apenas fazendo a trilha mesmo, pedimos permissão para acampar, nos acolheu muito bem e permitiu sem problemas.

Levamos 2kg de alimento cada um, no meu caso a Rosana me deu açúcar para levar e quando entreguei o índio não gostou muito e disse:

– “Ah obrigado, agora eu posso tomar água doce”.

Realmente, o coitado não teria onde usar, e nem café ele possuía. 🙁

Após banho, janta e acampamento montado, era hora de dormir, já eram 21h30.

2º dia – 19-04-2014

Acordamos às 6h30, batemos mais um papo com o índio Henrique e tomamos café. Para me redimir com o índio, devido ao episodio do “açúcar”, deixei algumas peças de roupas com ele, que ficou muito feliz! Viva! \o/

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Às 8h30 estávamos saindo de suas terras e seguindo em direção à Itanhaém.

Após andarmos até umas 10h, encontramos uma perua kombi estacionada perto de uma casa.

Pertencia a um pastor evangélico que procurava “Espinheira Santa” para gastrite de sua esposa e esperamos seu retorno para pedimos carona.
Não demorou muito, logo ele já estava de volta e nos concedeu a carona de bom grado 🙂

Por volta das 12h, já estávamos numa lanchonete perto do Super Mercado Cuca, na Rua João Pedro Orsi, já em Itanhaém-SP.

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Meu pai foi ao nosso encontro, pois estava na região e nos levou para Praia Grande.
Marcelo e Wagner retornaram para SP, Rosana e eu ficamos até o dia seguinte para poder aproveitar a praia e a carona com meu pai 🙂